quinta-feira, 15 de setembro de 2011

 São esquinas que, sem alto-falantes, emitem sons de toda sorte, e muitos deles, infelizmente, são de uma voz familiar. São suspiros aos quais estou assutadoramente acostumado. Tenho uma permanente impressão de que esses sussuros já muito me esquentaram os ouvidos, em outros noites parecidas com a de hoje. Aí eu luto para não perder a concentração nesses sons, não me soltar da corda que me aponta a direção da saída mais próxima. Desconcentrado, tudo que cuidadosamente orbita meu coração sem bater nas minhas costelas perde o controle e aí tudo que sinto é uma dor interna intermitente que segue cada batida do bumbo de uma música triste qualquer.
(Lucas Silveira)

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